Com perda acumulada de 7,55% no primeiro trimestre deste ano, o índice Ibovespa teve o pior resultado do período em 18 anos – que tende a afugentar os mais conservadores. Para os que não suportam riscos, perdas momentâneas de capital podem ser decisivas para sair do mercado de ações.
Antes de tomar uma decisão equivocada, confira as principais alternativas de investimentos apontadas por economistas, de acordo com o perfil do investidor (conservador, moderado ou agressivo) e o tempo em que pretende investir (curto, médio ou longo prazo). Conheça suas vantagens e riscos implicados e avalie se é bom negócio optar por um deles:
1 - TESOURO DIRETO
Se o objetivo for fugir do alto risco e garantir ganhos no curto prazo, ainda que modestos, o investidor pode aproveitar a possível tendência de alta da taxa básica de juros, a Selic, para investir em títulos pós-fixados, que acompanham a variação da taxa de juros, recomenda o economista-chefe da HPN Invest, Edgar de Sá.
Um exemplo são as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), do Tesouro Direto, títulos públicos de dívida do governo. Segundo Sá, para o longo prazo, as Notas do Título Nacional - série B (NTN-B), que pagam juros com base no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais juros fixos, são os papéis mais recomendados.
“É preciso levar em conta que o Imposto de Renda incide sobre os títulos do Tesouro, regredindo de 22,5% a 15%, com o tempo do investimento”, observa o especialista.
2 - RENDA FIXA
Embora o mercado de renda fixa apresente retornos menores com a queda gradual da Selic, desde 2011, o professor da BBS Business School, Guilherme Campos, acredita que este é o investimento ideal para quem quer proteger seu capital das oscilações do mercado, como a alta da inflação, e manter o patrimônio conquistado. “Se você quer conservar seu dinheiro, vá para a renda fixa”, recomenda.
Segundo o acadêmico, investir em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) ou LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), que pagam uma porcentagem do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e não têm taxa de custódia, é boa alternativa para os conservadores. “A vantagem da LCI é que ela é isenta do Imposto de Renda. Mas é preciso pesar o custo total do investimento, para que ele não anule os rendimentos”, adverte Campos.
Para Sá, da HPN Invest, a estratégia de apostar em ganhos com a possível curva ascendente da Selic, no curto prazo, também vale para CDBs e LCIs, contanto que o investidor faça uma análise dos custos totais da aplicação e não leve em conta apenas o rendimento.
3 - IMÓVEIS
Este é um mercado que gerou ganhos excepcionais para investidores nos últimos anos, em razão da forte valorização nos preços imobiliários em todo o Brasil. No entanto, ganhar muito dinheiro com imóveis ficou mais difícil, explica Campos, da BBC Business School.
Enquanto o período de grandes altas chega ao fim, segundo ele, o retorno do aluguel pode não compensar frente aos riscos. “O inquilino pode deixar de pagar, quebrar o contrato antes do vencimento e também deteriorar o imóvel, exigindo um investimento futuro em reforma”, avalia o especialista.
4 - MERCADO DE OPÇÕES
Para o investidor com apetite para ganhos maiores e mais disposto ao risco – agressivo ou arrojado –, uma alternativa é permanecer no mercado de ações, apostando em operações que ajudam a proteger o capital, como o mercado de opções, segundo Sá, da HPN Invest.
O empresário Rodrigo Barros, de Nova Friburgo (RJ), está entre os investidores que aproveitam o momento de baixa nos preços das ações para investir em opções no iBovespa. “Consigo proteger bastante meu capital das perdas e recomendo a estratégia a outros investidores”, diz.
O mercado de opções é um mecanismo de controle de risco , que permite comprar e vender ações numa data futura por um preço pré-acordado, apostando na queda ou valorização dos papéis. Ou seja, é possível ganhar mesmo com uma baixa.
A opção de venda, por exemplo, permite recuperar um valor combinado pelo ativo, mesmo se houver desvalorização. Na compra, também há garantia de um preço fixo dos papéis. Quem vende as opções é obrigado a pagar o valor prometido pela ação, e quem as possui paga um custo adicional pelo direito desta compra.
“A estratégia consiste em utilizar o saldo (prêmio) desta operação e comprar mais ações da empresa na qual se investe, para recuperar o investimento mais rápido”, explica o economista da HPN.
5 - RENDA VARIÁVEL NO LONGO PRAZO
As perdas recentes no mercado de ações não vão tirar o sono do investidor que tiver paciência para segurar seus investimentos por meses ou até anos, na opinião de Campos, da BBS Business School. “Só perderá dinheiro quem fizer o resgate no momento de baixa. Normalmente, os investidores recuperam as perdas no longo prazo”, explica.